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Jornal Olho nu - edição N°47 - agosto de 2004 | |
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Jornal Olho nu - edição N°47 - agosto de 2004 - aqui começa o 5º ano
A praia que nós queremos por Pedro Ribeiro* A praia do Abricó, no Rio de Janeiro, a mais caçula das praias naturistas do Brasil, estará completando no próximo mês de setembro um ano de liberação para a prática do naturismo, (a história da luta pelo direito de sua utilização por naturistas tem mais de 10 anos e está disponível no site da Associação - www.abrico.cjb.net), porém ela está longe ainda de ser o paraíso que, tenho certeza, os naturistas desejam que fosse. Apesar de maior parte do tempo parecer realmente um pedaço do céu, há alguns outros em que essa sensação diminui muito. Muitos fatores contribuem para esta oscilação de humor: a falta de real interesse do poder público, representada por seus diversos braços é o maior deles. Até hoje, não conseguimos que a prefeitura colocasse as placas oficiais informativas na praia, função estabelecida pela Resolução municipal que determinou a freqüência naturista da praia e reforçada pelo despacho da Justiça quando a ação foi ganha na segunda Instância. A polícia militar se nega a colocar dois homens para patrulhamento na praia, alegando que não há contingente suficiente para realizar tão difícil tarefa. No entanto durante os período em que a praia esteve proibida para o naturismo, exatamente dois policiais militares ficavam o dia inteiro, de plantão, fazendo absolutamente nada, vigiando a natureza e os peixes na praia deserta para evitar que pessoas tirassem as roupas para tomar banho de sol ou de mar como vieram ao mundo. Para proibir, o comando da polícia militar conseguiu encontrar estes homens para o serviço, mas para cooperar e ajudar... A Guarda Municipal do Rio de Janeiro, que já quebraria um galho enorme se estivesse presente cotidianamente na praia, alega a mesma coisa que a PM. Faltam homens ou mulheres para fazer esse serviço. A associação não tem poder de polícia para tomar atitudes que são cabíveis e necessárias. Além do poder público ausente outras razões contribuem para ocasiões de desconforto na Praia do Abricó: o principal deles é fator cultural predominante que determina que o brasileiro não precisa zelar pelo bem público, isso é função pura e exclusiva do poder público. E aí começa o imbróglio. Dentre as inúmeras salas de grupo de discussão e afinidades existentes na grande rede, há uma com o nome de NADAR NU, que está hospedada no ORKUT (www.orkut.com). Centenas de pessoas são inscritas neste grupo que contam suas experiências e aventuras na realização da proposta, o curioso, a julgar pelos relatos, é que uma pequeníssima minoria é naturista e a grande maioria nunca foi a uma praia de nudismo. No entanto no decorrer dos meses o grupo começou a se animar e quis experimentar a sensação de ir a uma praia naturista. Uma moça resolveu ir à praia do Abricó, no sábado 3 de julho passado e levou uma triste lembrança. Veja o relato a seguir enviado ao grupo e re-enviado ao jornal OLHO NU por um dos membros, Anderson Lima: "Ontem fui na praia do Abricó e quando cheguei fiquei toda feliz, me deram panfleto de informações, me deram boas vindas etc. Fui sozinha e confesso ter ficado um pouco impressionada com a quantidade de HOMENS na praia. Havia outras duas mulheres nuas, eu acho, e outras duas só de topless... o que, pelas regras, seria proibido! Bem, eu estava lá na boa, conheci uns caras simpáticos que vieram falar comigo sem maldade... mas não tive como não perceber os olhares da maioria dos homens já que eu era a única "gatinha" nua da praia!!!! Eles mesmos comentaram não ser comum meninas da minha idade, e tal, aparecerem por lá. Enfim, fiquei perto das pedras para a minha infelicidade. Isso porque, além das pessoas lá de cima da estrada ficarem berrando e tirando fotos das pessoas nuas, comecei a me dar conta dos pervertidos que estavam se masturbando atrás de mim... na maior cara de pau. Eu acho nojento!! Isso pra mim é PUTARIA e não naturismo... na boa. FIQUEI DECEPCIONADA!! Não era pra menos...depois do quinto punheteiro eu decidi ir embora... Enfim, é uma pena mesmo que o Brasileiro tenha essa mentalidade de merda, as pessoas não separam o NU do SEXO... Acham que por eu estar lá nua é porque eu quero que me VEJAM nua... e não é o caso. Sei que esse não é o perfil da maioria dos freqüentadores da praia, onde me incluo, mas se providências não forem tomadas a Praia do Abricó acabará sendo freqüentada única e exclusivamente por homens." Esta carta indignada levou a uma grande discussão dentro do grupo, com gente associando o que ela encontrou na praia com NATURISMO. Uma lástima. Porém ela também serve para alertar a nós os naturistas que freqüentam a praia do Abricó para o perigo de "fingir que não viu a coisa errada acontecer" para não se aborrecer. Não podemos esquecer que a luta pelo NATURISMO ainda está engatinhando no Brasil e episódios lamentáveis como esse podem colocar tudo a perder. Vamos refletir sobre o relato: Será esta a praia que queremos? Uma praia freqüentada por pessoas que podem constranger outras pessoas com atitudes maliciosas e mal-educadas? É essa a imagem que nós, naturistas, queremos passar da praia do Abricó? Terá sido esta luta de tantos anos pela liberação do nudismo na praia do Abricó equivocada? O que nós, naturistas, podemos fazer para reverter esse quadro? É necessário que todos os naturistas colaborem falando com as pessoas que tiverem comportamento inadequado. Não é para ser agressivo, só o fato de falar com a pessoa inconveniente já vai fazer com que ela se sinta vigiada. O ideal, ao meu ver, que não se deixe passar em branco nenhum ato desabonador. Os delinqüentes geralmente conhecem os fiscais e alguns outros que costumam fazer a "ronda" e eles param de praticar os delitos quando estes se aproximam, e não se consegue flagrar os atos. Se cada naturista for um "vigia" da praia essas pessoas inconvenientes não terão onde ficar. Mas a realidade é que muitos vêem as coisas erradas acontecerem, não falam nada com o (a) indivíduo (a) ou grupo praticante e não tomam qualquer atitude, nem mesmo falando com os fiscais ou a diretoria e, muitas das vezes, quando falam, já estão indo embora da praia não ficando para servir de testemunhas contra estas pessoas. As conseqüências são fatos como os relatados acima repetidos cada vez mais. Queremos uma praia como a RESERVA? Tinham razão nossos opositores quando alegavam que o Rio de Janeiro não está preparado para uma praia de nudismo? A praia do Abricó só vai vingar se todos colaborarem. Uma parte muito difícil já foi feito: legalizar o nu na praia. Agora cabe a nós não perdermos esta conquista. Policiamento para a praia já foi pedido inúmeras vezes, mas a resposta é sempre a mesma: não é possível enviar homens para a praia por falta de contingente (?!). É o poder público se omitindo como sempre. Dêem sugestões. Em tempo: Associação não é a mesma coisa que um clube. Neste você paga e desfruta das mordomias oferecidas por um grupo que trabalha para você, enquanto que numa associação as mordomias são conquistadas pelo seu trabalho e pelo trabalho coletivo. Tudo o que foi relatado aqui aconteceu na praia do Abricó mas poderia ter acontecido em qualquer praia naturista ou não. É bom que fique claro que fatos como o relatado são exceções e é uma minoria muito ínfima de homens que cometem tais delitos. É claro que já começaram a chegar as sugestões radicais como a de proibir a entrada de homens desacompanhados de mulheres na praia. É sempre mais fácil proibir do que educar. E essa solução esquece de alguns casais que comparecem à praia para a prática do swing e do menage-à-trois que buscam e estimulam alguns desses homens às práticas inadequadas. Coibir a ação dos casais desse tipo é mais difícil porque não é aparente. Devemos proibir a entrada de casais na praia, também? *Presidente da Associação naturista de Abricó |