2º Encontro de Jovens atrai mais de 50 ao Mirante

por Edgard de Oliveira*

O 2º Encontro Nacional de Jovens Naturistas, realizado entre os dias 30 de abril e 1º de maio no Mirante do Paraíso, em Igaratá-SP, foi contemplado pelas quatro estações – outono, inverno, primavera e verão -, mas a atmosfera que prevaleceu foi a da amizade. Amizade sem fronteiras – o “Merconu” trouxe um ilustre visitante do Peru. Amizade que resgatou uma década – a festa Nude 80’s ecoou “Thriller”, quando Michael Jackson ainda era perseguido por mortos-vivos. 

Amizade sem continência, do poeta com o militar, do programador de computador com o bibliotecônomo, do arquiteto com o geógrafo. Mais de 50 visitantes fizeram 48 horas voarem como se fossem 12. Um quarto do tempo e quartos vazios: ninguém se isolou, ninguém vestiu máscaras. Vôlei, sauna, dança, nudez que nem a piscina esfriou. 

Se o 1º Encontro, recebido pela paradisíaca praia de Abricó, no Rio de Janeiro, foi inédito e gerou certa insegurança, o naturismo do Oiapoque ao Chuí em Igaratá, com nudistas de São Paulo, Rio, Paraná e Pernambuco, não deixou dúvidas: a juventude naturista está amadurecendo, por mais contraditório que isso possa parecer. 

Mais curioso ainda é que a virtual Internet contribuiu para este resgate do nu verdadeiro. Quem confirma é André Herdy, presidente da Ynai-Brasil (Associação Internacional de Jovens Naturistas) e membro do Conselho Maior da FBrN (Federação Brasileira de Naturismo): “O jovem lida basicamente com informação via Internet. Sites como Pelados (www.pelados.com.br), Jornal Olho Nu e Naturis (www.naturis.com.br) são o meio de comunicação principal, e além disso teve o boca-a-boca. Mas de todos os presentes aqui acho que 90% vieram por Internet”. 

Uma realidade bem diferente de anos atrás, quando a presença jovem era “praticamente nula”, segundo Herdy. “Você tinha um ou dois ‘malucos’, entre aspas”, brinca ele. “Isto eu via em Galheta [SC], Abricó, Olho de Boi [RJ]... Sempre era assim, e eu não aceitava isto. Em 2004, resolvemos nos movimentar e conseguimos juntar pessoas como o Adam, por exemplo [Adam Guirro, presidente do NIP, Naturistas do Interior Paulista] e o Rodrigo [Rodrigo Espinosa, freqüentador da Colina do Sol e à frente de braço latino-americano da Ynai], entre outros. Eram pessoas jovens que não se conheciam, e a gente veio reunir esse grupo todo, criar uma força jovem pelo futuro do naturismo”. 

Sem preconceito 

A adesão dos mais novos, muitos ainda alheios ao cupido, começa a derrubar outro Muro de Berlim, para alguns entendido como preconceito: a proibição à entrada de solteiros. 

“No último Congrenat [Congresso Nacional de Naturismo], houve o reconhecimento da legalidade do passaporte naturista, que é um documento internacional da Federação Internacional de Naturismo. Resolvemos esse problema do homem solteiro, porque a partir de agora, um rapaz que seja da Ynai, jovem, solteiro e naturista, passará a freqüentar o Mirante, por exemplo, por intermédio da Ynai. 

"Nosso movimento gerou também essa liberação”, explica o dirigente. Ou seja: solteiros que antes eram vítimas do medo – que Herdy ressalta ser válido – em relação a indesejados como voyeurs, agora têm garantido o direito de ficarem nús em locais antes restritos. “Esse medo bloqueava pessoas que eram do ‘bem’, pessoas que não tinham nada de errado em sua conduta”, conclui. 

A rígida aplicação do Código de Ética previne e repele quaisquer intenções distorcidas. “Hoje em dia eu posso me ausentar do grupo porque o próprio grupo se gestiona. Se alguém falar uma besteira, todos ao redor saberão se coordenar”, lembra o presidente da Ynai-Brasil. 

Uma seriedade que finca raízes para o naturismo futuro. Uma seriedade que estende a filosofia aos filhos e netos desta geração. E tudo sem deixar de saborear preciosos momentos, como totó, baralho, música, esporte... Todos presentes no 2º Encontro. Um verdadeiro resgate da infância, só que agora de barba e regulamento na mão.

Nasce a Ynai Latinoamerica

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