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Jornal Olho nu - edição N°37 - outubro de 2003
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Jornal Olho nu - edição N°39 - dezembro de 2003

Anunciam nesta edição: Corpos Nus | Pelados |


A curiosidade está no fato dos Estados Unidos, apesar de tidos como tão caretas e conservadores, estarem sempre à frente em comportamentos polêmicos e inovadores que mexem com as bases e alavancam novas estruturas. Aqui um exemplo.

 TIRE SUAS ROUPAS E FIQUE PARA O ALMOÇO

por CARA BUCKLEY*
Traduzido por Doni Sacramento**

KEY WEST (Miami, 02/11/2003) - Minutos após a garçonete do bar se livrar de seu top, Rodney Whiddon tirou sua bermuda e cueca. Dando uma mordida em seu sanduíche de frango, este turista de 56 anos de idade, vindo de Destin, anunciou que tinha encontrado o paraíso.

O ex-engenheiro, aposentado e nudista, se empoleirava no bar do Naked Lunch (Almoço Nu), talvez o único restaurante do país onde roupa é opcional. "Se você vem aqui, você tem que entrar no clima", disse ele.

Cara Bucley/Herald Staff

DIVERSÃO COMPLETA: O nudista Rodney Whiddon, à direita,

e dois amigos se debruçam no bar do Naked Lunch.

Naked Lunch foi aberto duas semanas atrás pelos também proprietários do Garden of Eden (Jardim do Éden), um bar aberto seis anos antes, onde roupa é opcional, que ocupa o tôpo dos bares Bull e Whistle na rua Duval.

O Garden of Eden se tornou tão popular que freqüentemente os gerentes tiveram que abrir mão da entrada de clientes entusiasmados em tirar as roupas. As pessoas pediam também sanduíches e pizzas, o que fez com que os proprietários alugassem uma área na esquina, contratassem um chef -- o qual está sempre vestido -- e, dando um sim ao autor William Burrougs, familiarizado com o hedonismo, batizaram o lugar de Naked Lunch (Almoço Nu).

ESTILO VARIADO

Key West é famosa, claro, por permitir à suas massas de visitantes tê-la como ponto encontro. A pintura sobre o corpo é uma atividade básica da Fantasy Fest, a festa de máscaras anual do pré-Halloween. Além dos pontos gays, onde roupa é opcional, que têm estado aqui por décadas. Mas o "debut" do Naked Lunch evidencia a crescente demanda por lugares que satisfaçam heterossexuais nudistas. Garden of Eden é famosa por isto. Atlantic Shores, antes um local exclusivamente gay, hoje dá as boas-vindas aos pelados héteros em sua piscina e churrasqueira, onde roupa é opcional, ainda que com resultados estéticos mistos.

"Chega um monte de gente das baladas", diz Seth Knarr, gerente da recepção do Atlantic shores. "E, na maioria, de pessoas que não se quer ver nuas. Mas no geral a atmosfera é realmente agradável."

Mas Naked Lunch poderá se gabar dos direitos de ser o único restaurante do país onde roupa é opcional. Muitos locais nudistas têm restaurantes onde se pode tirar toda a roupa, mas nem a International Naturists Association (Associação Internacional dos Naturistas) nem a American Association for Nude Recreation (Associação Americana em prol da Recreação ao Natural) têm conhecimento de outro restaurante, onde roupa é opcional, estar localizado exatamente no centro da cidade.

"Sinceramente, jamais ouvi falar de algo assim", disse Carolyn Hawkins, porta-voz da Kissimmee, sucursal da AANR. "Sem dúvida, vou ter que ir até lá para conhecê-lo".

Naked Lunch fica numa rua paralela, a meio quarteirão da loucura da rua Duval, anunciando-se com uma simples placa pendurada, acima de uma cerca de madeira. A única pista para os que por ali passam, em relação ao que está atrás, vem das três advertências colocadas no lado de fora: Proibido cães. Proibido espiar. Proibido tirar fotos.

Lá dentro, se estendem um páteo, dois bares e, às vezes, uma garçonete de topless, Marla Trudine, de 26 anos.

"Às vezes, eu uso calças de moletom e abrigo e os clientes ficam confusos e me perguntam - por que não está sem blusa?", diz Trudine. "Mas isto está relacionado com que aceitem que você vai fazer o que você quiser fazer, e não vai se importar com que os outros estiverem pensando".

NEM TUDO "TÁ LIBERADO"

Foto: Waldemar Rodrigues

Restaurante do hotel Parque das Primaveras onde se realizou o I Encontro Regional de Naturismo. (foto meramente ilustrativa)

Há limites. Pelo menos uma vez por turno, Trudine tem que fazer com que algum engraçadinho pare de tirar fotografias. Um aviso no banheiro das mulheres diz "Proibido Fazer Sexo". (A placa igual, que estava no banheiro dos homens, foi roubada). E "Usuários Não Têm Permissão De Se Tocar Entre Si", disse Denny Hrabec, o gerente geral. "Nem A Si Mesmos".

Somente mulheres servem a comida e os drinques. "As pessoas se sentem mais à vontade na presença de mulheres", diz Trudine.

A freqüência ficou esporádica. O lugar foi reservado para a Fantasy Fest, e neste fim de semana um bando de entusiastas dos Parrotheads, ou fãs do Jimmy Buffett, estão na cidade. Mas, na terça-feira, os únicos clientes eram dois homens vestidos e um cara de cabelo grisalho embrulhado numa bandeira americana. Na quinta, o lugar esteve vazio. Mas, Hrabec salienta, Garden of Eden ficava devagar no início também.

Hawkins afirma que Hrabec e seus sócios estão no caminho certo. Ela diz que sua organização tem 50.000 membros e que o nudismo gera 400 milhões de dólares por ano em todo o país.

E, como reparou Trudine, muitos dos nudistas que se deslocam para Key West estão em seus 40, 50 e 60 anos.

"É o tempo que muitas pessoas levam para aprender a aceitar seus próprios corpos", diz ela. "E o de juntar dinheiro para poderem aproveitar as férias em Key West".

Mark Ohly, que trabalha na Big Ruby's, uma pousada para gays e lésbicas onde roupa é opcional, diz que, se há um lugar onde pelados são benvindos, este lugar é Key West.

"É uma das razões de eu ter me mudado para cá", diz Ohly. "Eu sou de Atlanta e joguei minha roupa de banho pela janela quando eu cheguei aqui".

Extraído do site: The Miami Herald http://www.miami.com/mld/miamiherald/7161886.htm

 

*cbuckley@herald.com
**Tradução: Doni Sacramento

donisacramento@interair.com.br

www.donisemprebem.hpg.com.br


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