OS
NATURISTAS QUE MOSTRAM SUAS CARAS
por
Pedro Ribeiro*
O
naturismo brasileiro tem crescido e se solidificado graças aos trabalhos dos
naturistas que não têm receio de mostrar-se de frente diante dos desafios.
São pessoas comuns, mas que abraçaram a causa do naturismo e não se furtam em
aparecer diante das câmeras para falar de nosso estilo de vida. São dirigentes
de áreas naturistas e empreendedores que dedicam grande parte de sua vida
cotidiana a resolver problemas ligados ao naturismo ou a pensar nos rumos do
movimento. OLHO NU aproveitou o I Encontro Regional de Naturismo de Caldas Novas para falar com os que
estavam presentes e saber um pouco mais sobre suas perspectivas e anseios.
Glacy
Morais Machado, coordenadora do clube naturista Colina do Sol, Rio Grande do
Sul, acha que o Encontro superou suas expectativas, tanto pelo local, que
"é belíssimo, maravilhoso" e que todos os encontros da Federação
dos quais participa são proveitosos, "pois de uma maneira de outra, a
gente sempre sai fortalecido como grupo e provoca o comprometimento das
associações com a Federação". Para estar presente, viajou 2000
quilômetros, de carro, em Parceria com Marcelo Pacheco, do site PELADOS, numa
jornada que durou porque iam parando, no caminho, em determinados locais
naturistas, como a Praia do Pinho, em Santa Catarina, e no Mirante do paraíso,
São Paulo, onde foram acolhidos com hospedagem e muita amizade. Conta que
recebeu uma parte de patrocínio do próprio clube e do Hotel Ocara, que
funciona dentro da Colina. Garante que tudo o que foi debatido vai ser levado
para seu clube de origem, para também ser debatido e "fortalecer ainda
mais o naturismo". Marcelo
Pacheco, dono do site PELADOS, e parceiro de Glacy nesta jornada de chegar até
caldas Novas, reside na Colina do Sol. Acredita que suas expectativas foram
totalmente contempladas no encontro e percebe que, a cada encontro, há um
número maior de participantes. Conta que o site dirigido por ele tem o
propósito de captar novos adeptos. E que o nome "pelados", embora
não muito ligado ao naturismo pela conotação meio pejorativa do termo, foi
escolhido intencionalmente para quem esteja navegando pela Internet,
interessados em nudez ou sexo acabe atraído para o endereço, e ali descobrem o
Naturismo, e sua filosofia. Vanderlei
Castresano, proprietário da revista e do site NATURIS, conta que a revista
está sendo relançada após um período de dois anos de inatividade, tentando
resgatar uma dívida que ela tem com os naturistas do Brasil de ser um órgão
de divulgação, não de noticiário, pois será emitida de dois em dois meses,
então não poderá ter "atualidades". Pretende ser um elemento de
união entre as áreas naturistas que existem e servir como um fórum de
discussão dos problemas naturistas. Será fiel à linha editorial dos últimos
dez anos e incentivar um pouco mais os aspectos turísticos do Naturismo,
visando facilitar a movimentação das pessoas. A revista será apenas uma das
pernas da empresa Naturis Empreendimentos, que terá seu carro chefe na
distribuição e comercialização de vídeos e fitas de produção própria e
parcerias, como também americanas e canadenses. A revista também passará a
ser editada e distribuída na Europa, em mais quatro idiomas, além do
português e do inglês que já existem hoje. O relançamento da revista está
previsto para o dia 25 de janeiro de 2004. Quanto ao Encontro, Vanderlei achou
que foi muito bom e que valeu a pena ter adiado sua volta à Alemanha, onde
mora. Acha que a Federação está fazendo um esforço de união muito grande
com todas as áreas brasileiras, fazendo o convite de uma maneira bem aberta,
procurando discutir os melhores lugares e os melhores preços. A área naturista
foi bem adequada, apesar de não ser naturista, mas está se abrindo um espaço
para que venha a ser. E o mais importante é que foram discutidos temas de
seriedade, pondo a Federação numa posição de decisão e orientação do
Naturismo no Brasil. Ressaltou também a propriedade do Encontro ter reunido
gente do Brasil do todo, dos mais longínquos recantos. Waldemar
Rodrigues, conhecido como Dema, integrante do SAMPANAT. Já de saída explica
que, no SampaNat, não há cargos de presidente ou diretor, mas, sim, o Conselho
Diretor, do qual ele faz parte. Achou o Encontro muito produtivo por terem sido
revistos alguns pontos levantados no Congresso anterior e foram traçados planos
de ação, que é "exatamente o que a gente precisa". Acredita que
haverá algum progresso se todas as decisões tomadas forem efetivamente
colocadas em prática. O naturismo no Brasil terá uma força e organização
maiores e ele só tem a ganhar com isso. Miriam
Carvalho Alles, é vice presidente da AGAL (Associação Amigos da Galheta), da
praia da Galheta, em Florianópolis, SC. Ela também achou "positivo em
todos os sentidos. Em primeiro lugar, a surpresa do hotel, maravilhoso, bem
ligado com a idéia do naturismo, tanto pela natureza que foi preservada como
pelos monumentos que tem, espalhados por todo o ambiente. Em segundo lugar, por
agregar as pessoas em torno da Federação. Fazendo as pessoas sentirem que é
importante dar força para que a gente tenha uma Federação que trabalhe pelo
naturismo no Brasil." Miriam retornará à Galheta já preparada com as
novas recomendações e decisões e estará pronta para filiar a AGAL à
Federação, se assim desejarem seu membros. Acredita que com este
fortalecimento será possível até conseguir recursos para a construção do
tão necessário posto salva-vidas na praia e conseguir também a presença
deles. Anuncia uma parceria com a NATURIS para a venda dos livros produzidos
pelo pessoal de lá. Affonso
Alles, aposentado, ex-presidente da AGAL também acha que pela primeira vez o
Encontro naturista ocorreu em um local realmente confortável. Os anteriores,
completa, foram realizados em espaços com relativas precariedades. Acredita que
o retorno alcançado compensa folgadamente o investimento feito para estar ali
presente. Confessa que já tem estado em espaços naturistas nos Estados Unidos,
considerados os melhores do mundo, mas perdem em tudo para este onde está
agora. Acha que devemos batalhar para que este seja um espaço visitado
sistematicamente pelos naturistas. Acredita que o retorno deste Encontro será
automático para todos os grupos naturistas, até mesmo para os abertos, como o
de Abricó, ou da Galheta porque difundem a libertação da natureza da
opressão que ela vem sofrendo em todas as frentes, mais especialmente da
natureza humana, que é massacrada de uma maneira muito sacana por todos os
meios de publicidade e propaganda, todo dia. E este é o maior resultado que tem
um encontro desse. Tanto é assim que a gente sentiu do pessoal do hotel total
respeito, sem nenhum constrangimento, sentindo-se totalmente à vontade no trato
com os naturistas. Adriana
Aragão, 32, assistente social, presidente do GOIASNAT. Concordando com os
demais entrevistados, acha que o Encontro valeu a pena e é sempre muito bom
estar discutindo estes pontos mais polêmicos. "O naturismo ainda é muito
recente no Brasil, portanto é necessário muita discussão para que se possa
crescer e chegar a um denominador comum." Acredita que sua associação e
todas as demais serão atingidas com as resoluções ali tomadas, principalmente
no que concerne aos estatutos que determinam as condições de filiação à
Federação. Adriana é presidente desde maio deste ano e é uma das poucas
mulheres que exercem cargo de presidência no Naturismo brasileiro. Acha que
dirigir uma associação naturista é a mesma coisa que dirigir qualquer outra
associação. É importante a participação da mulher, pois pelo que se percebe
de outras associações é que é o homem mesmo que está "puxando o
carro", que está no trabalho, com a mulher sempre ao lado dele, nunca à
frente. Márcio
Braga, 54, professor universitário, presidente da NATES (Congregação
Naturista do estado do Espírito Santo), que dirige a praia de Barra Seca, em
Linhares, ES. Acha que, em primeiro lugar, qualquer encontro da Federação tem
sido uma coisa muito boa, "pois além de rever os amigos, temos discutido
temas muito importantes, que nunca foram discutidos antes. De dois anos para cá
o grupo se mantém sempre se encontrando, então, independente de qualquer outra
situação, já valeu o encontro. Pela estrutura, pelo que foi montado, pelo
conforto que tivemos eu viria muitas vezes. Valeu muito." Acredita que as
decisões tomadas terão algum tipo de influência em sua associação,
principalmente manter o pulso, o controle e a cobrança para que as áreas não
sejam perdidas, como já aconteceu em outras ocasiões. O Passaporte Naturista e
a frequência da praia com certeza terão influência para eles. Acredita que
tudo será recebido muito positivamente. *Editor
do jornal OLHO NU pedroribeiro@jornalolhonu.com
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