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Jornal Olho nu - edição N°40 - janeiro de 2004
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Jornal Olho nu - edição N°40 - janeiro de 2004

Anunciam nesta edição: Corpos Nus | Pelados |

Conte para os leitores do OLHO NU como foram suas primeiras experiências com o naturismo. Escreva para nós. cartas@jornalolhonu.com

Neste artigo o jovem estudante americano que é jornalista de sua escola, nos conta sobre sua primeira experiência e seu embaraço em contato com naturistas quando resolveu escrever uma matéria sobre este estilo de vida. Revela como o preconceito adquirido através de sua formação religiosa foi substituído pela total simpatia ao movimento.

    A VERDADE NUA

por Kel Baker*

"E após comer da fruta, de repente, eles (Adão e Eva) tomaram conhecimento de sua nudez e ficaram envergonhados. Então, eles juntaram folhas de figo para se cobrir em torno dos quadris". - Genesis 3:7

 

Ir a um clube nudista me ensinou que a nudez pode ser algo puro e inocente.

(Republicado em 9 de dezembro de 2003 da publicação original da edição de Maio-Junho 1998)

Quando eu tinha 10 anos, lembro que sentia vergonha do meu corpo. Os que tinham entre 13 e 14 anos no acampamento de verão caçoavam da gente, garotos mais jovens, por não sermos fisicamente ainda desenvolvidos como eles.

Eu frequentava uma escola batista de segundo grau onde eles nos deixavam apavorados quando falavam sobre doenças sexualmente transmissíveis. A gente pensava que todos homossexuais e pessoas sexualmente ativas tinham AIDS e que podiamos ficar contaminados com eles respirando em cima da gente. E pensávamos que nossos corpos eram uma coisa que deve ser escondida. Que devíamos tentar seguir os ensinamentos da Bíblia.

Embora eu frequentasse uma escola batista e seja um cristão praticante, eu tenho mente própria. Quando fiquei sabendo que há realmente famílias que vivem um estilo de vida nudista e que isso é tão normal quanto qualquer outro estilo de vida, eu não encarei isso como pecaminoso. Eu quis saber mais a esse respeito.

Comecei ligando para várias residências de nudistas por toda a região sul da Califórnia. Eu usava o meu mais profissional tom de voz: "Alô, aqui é Kel Baker do L.A. Youth (Juventude de Los Angeles). Estou querendo escrever um artigo sobre nudez social e...". E era aí que eles diziam: "L.A. o quê?" ou perguntavam a minha idade. O primeiro instinto que tinham era o de me dispensar, como se eu estivesse passando algum trote. Fiz uns cinco telefonemas antes de ter algum sucesso. Liguei para um clube nudista na região de Riverside. O diretor, Dick Stephens, realmente me pegou desprevenido quando me convidou para eu ir até lá naquele mesmo fim de semana.

No início eles ficaram meio desconfiados a meu respeito. Aceitei o convite e fui para o local nudista muito bem vestido e me encontrei com dois homens "mais ou menos" vestidos, usando sandálias e shorts - Dick Stephens e seu assistente. "Você tem mais de 18 anos?", perguntaram meio desconfiados. Mostrei a eles minha carteira de identidade. Quando ficaram sabendo que o jornal L.A. Youth é distribuído para escolas de segundo grau, eles começaram a pensar "bobagens". Eles não queriam que alunos do segundo grau fossem para lá e começassem uma polêmica sobre seu estilo de vida, especialmente entre alunos da "cidade". Dick Stephens argumentou que eles se mudaram para lá para se livrar da vida urbana. Perguntei quantas pessoas com até 21 anos de idade visitavam o local. Não mais de 5 porcento, ele disse, e que menores de 17 anos deveriam estar acompanhados pelo pai ou mãe ou por um responsável. Ele ressaltou que eles são muito cautelosos em monitorar se fotos de jovens ou adolescentes são tiradas ou se qualquer coisa possa ser interpretada como abuso às crianças.

Na minha opinião, aquele é um ambiente saudável para crianças. Os pequenos nudistas nem um pouco pensam além de verem suas partes íntimas assim como a de outros como veriam os rostos ou as mãos de outras pessoas. Acho que ali há provavelmente menos chance de molestamento porque as crianças não ficam muito curiosas a respeito disso.

Aí chegou minha grande entrevista. Me convidaram a ir à uma outra residência de nudistas em Palm Springs. Raymond Lovato, proprietário do Desert Shadows Inn em Palm Springs e representante da Association of Nude Recreation (Associação em Prol da Recreação ao Natural) foi quem me convidou. Para essa entrevista, haveria duas grandes diferenças que valem a pena eu mencionar:

  1. Eu teria que ficar junto a pessoas nuas e...
  2. Eu teria que ficar nu. (Continuem a ler, continuem!)

Fiz algumas preparações especiais. Comecei a usar uma daquelas roupas de plástico por uma hora todos os dias. Eu queria perder uns três quilos antes de fazer a grande visita. Tentei também arranjar alguém para ir comigo. Mas nenhum dos dois planos funcionou. Perdi só um quilo e meu amigo covardemente deu prá trás no último minuto. Era eu comigo mesmo!

Quando cheguei ao meu destino, vi um homem e uma mulher conversando, nus. Fiquei surpreso, mesmo estando num clube nudista. Eles nem ao menos me conheciam e estavam completamente à vontade alí em pé conversando.

Logo, eu já estava conversando com pessoas nuas. O sr. Lovato me cumprimentou usando só uma camiseta grossa. Depois, uma jovem nua se juntou à conversa. Era meio estranho mas o embaraço rapidamente desapareceu. E, logo depois, já não fazia mais diferença se eu estava levando uma conversa com um homem meio pelado ou se a jovem estivesse na minha frente completamente nua. Eu já tinha superado os obstáculos. Depois que já tinhamos conversado o suficiente, o sr. Lovato chegou à conclusão que eu deveria ir ao meu quarto para me vestir, o que neste caso significava "desvestir". Fui ao meu quarto, tirei a roupa e me olhei no espelho e disse pra mim mesmo: "Bom, vai ter que ser assim".

De forma apreensiva, abri a porta e saí. O vento soprava sobre mim em um lugar onde ele não costumava soprar. Não dava para eu voltar, eu já tinha fechado a porta.

Andei até uma área onde jogavam vôlei. Eu andava um pouco mais e olhava para todos os lados para ver se eles estavam me encarando. Parecia que ninguém estava olhando e então desisti de voltar correndo para o meu quarto. Sentei na grama e alguém começou a conversar comigo. Desta vez assunto nada relacionado com a nudez. Outra pessoa se aproximou e me ofereceu um pouco de filtro solar. Ela me disse que às vezes seu marido se queima em áreas sensíveis. 

E, à medida que conversávamos, eu me sentia mais e mais à vontade. O calor do sol e o vento agora me faziam sentir bem. Assisti um pouco ao jogo de vôlei e acabei saltando dentro da piscina. Lá encontrei com uma senhora que me disse que Palm Springs era "o melhor lugar para se passar as férias" para ela e sua família. Eu não acreditava estar pelado dentro de uma piscina conversando com uma senhora nua sobre férias e o "clima bom" de Palm Springs. Aí eu me juntei ao time de vôlei e estava mais preocupado com meus conhecimentos de vôlei (não tão bons) do que com minha nudez.

Num ambiente nudista com pessoas de todas as idades, formas e tamanhos, onde raramente há um corpo perfeito, você não sente estar sendo avaliado, porque ninguém pode julgá-lo por suas roupas. Eles não sabem se você é rico ou pobre. Os homens aparentam estar se sentindo bem por não terem um físico parecido com o do Hulk ou com o do Arnold Schwarzenegger e as mulheres aparentam estar felizes por não terem um corpo como o da Tyra Banks ou da Miss America.

Senti que era um meio de vida mais puro. O sexo não tem prioridade alta. Ray Lovato me disse que quando uma mulher bonita aparece os homens olham uma vez e param por aí. Enquanto no mundo vestido é possível aos homens a despir em suas mentes e poder fantasiar a respeito dela - ou mesmo colocar em prática suas fantasias.

Mais tarde naquele dia, o sr. Lovato me perguntou se eu já havia notado a forma como as revistas com fotografias de famílias nudistas em atividades familiares são colocadas bem ao lado das revistas pornográficas, quando ambas muito dificilmente têm o mesmo objetivo em mente. Me lembrei que, quando fazia minha pesquisa para este artigo, os únicos materiais sobre nudismo que eu podia encontrar estavam na sessão pornô das lojas.

Ele também me contou que alguns hotéis locais não colocariam à vista pampletos de sua colonia nudista por causa de uma minúscula foto de um casal de costas com suas bundas à mostra - ainda que aquela seja uma "parte íntima" que todo mundo tem. Eu pensei, é só uma bunda. Por que fazem tanto alarde? Você tem bunda, não?

Eu acho que se nudez fosse algo comum, haveria menos crimes sexuais e auto-imagens mais saudáveis. A nudez pode libertá-lo de um monte de rótulos que a roupas colocam em você. A nudez em si mesma é ingênua - ela não tem que ser sexual ou suja. Nudez é apenas estar nu. 

PARA CONHECER MAIS SOBRE O NUDISMO

Se você quiser conhecer mais sobre o nudismo, use para pesquisar as palavras "Naturista" ou "Naturismo" ou "Nudismo". Infelizmente, assim poderá ser fácil acessar sites pornográficos na Internet à procura de informações sobre o estilo de vida naturista. Geralmente, sites sobre nudismo têm informações, não fotos de pessoas nuas.

(*) Kel Baker, 19 anos, que está adquirindo seu certificado na área de desenvolvimento da criança na Faculdade da Comunidade de Citrus, Glendora, Califórnia, é residente de uma agência de talentos. Ele disse que escreveu este artigo porque era o único tópico no qual ele pode pensar que fosse tão provocativo como o de Daniel Weintraub "Gay Thoughts" (Pensamentos Gays).

Extraído do site LA Youth - About Teens by Teens (Juventude de Los Angeles - Sobre Adolescentes por Adolescentes)

http://www.layouth.com/0_02.htm

Tradução: Doni Sacramento

www.donisemprebem.hpg.com.br

donisacramento@interair.com.br

Leia em NATExperiência 2 como foi a primeira vez de um psicólogo de São Paulo.

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