Ativistas tiram a
roupa contra corrida de touros na Espanha
Por Emma Ross-Thomas
PAMPLONA, Espanha (Reuters) -
Centenas de manifestantes, alguns usando apenas sandálias de tiras e
chifres de plástico, marcharam por Pamplona na terça-feira, em um
protesto contra a centenária corrida de touros, a mais famosa da
Espanha.
A cada manhã durante o festival de São Firmino, que dura uma
semana, seis touros são soltos no percurso de 825 metros pelas ruas
lotadas de Pamplona. Depois, na arena, eles enfrentarão a espada do
toureiro.
Centenas de fãs cheios de adrenalina e álcool lotam o percurso para
participar da tradicional corrida ao lado dos enormes animais.
Os manifestantes dizem que tradição não é justificativa.
"É errado matar e é certamente errado torturar", disse Stella, uma
senhora de 70 anos, usando apenas um short folgado e uma fita tapando
os seios. "É nojento gostar de tortura."
Dezenas de milhares de turistas, a maior parte dos Estados Unidos e
da Austrália, vêm todos os anos, de 6 a 14 de julho, para o festival
que ficou famoso no romance "O Sol também se Levanta", lançado na
década de 1920 pelo escritor Ernest Hemingway.
Autoridades não permitem que os manifestantes desfilem nus, como
fizeram em 2002. Este ano, muitos usaram apenas roupa de baixo,
enquanto outros traziam slogans tatuados nas nádegas e pintados pelo
corpo.
Os organizadores do protesto, o grupo Pessoas por um Tratamento
Ético dos Animais (Peta), disseram que 700 pessoas participaram do
protesto. A polícia avaliou o número entre 500 e 600 participantes.
O veterinário australiano Andrew Knight, que veio de Perth para a
manifestação, disse: "As touradas são um dos últimos espetáculos
públicos envolvendo crueldade pública no mundo."
Cartazes em várias línguas pediram que as touradas sejam banidas.
Quando os manifestantes chegaram à arena foi feito um minuto de
silêncio pelos touros que morrerão esta semana.
Dezenas de moradores de Pamplona, cidade mais conservadora do que a
maior parte da Espanha, acompanharam a manifestação, alguns a favor e
outros contra
"Se eu trabalhasse na delegacia de polícia, não permitiria isso",
disse Francisco, aposentado de 60 anos. "O que ela acha que está
fazendo?", perguntou, apontando para uma manifestante quase nua. "Há
crianças na rua."
(enviado em 6/07/05 por
Fátima Alves)