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Jornal Olho nu - edição N°37 - outubro de 2003 | |
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Jornal Olho nu - edição N°37 - outubro de 2003
Anuncia nesta edição |
O SAGRADO HOMEM DE NEGÓCIOS Por Ranvir Nayar em Paris BBC NEWS, 10 de setembro de 2003 Ele é proprietário de várias fábricas rentáveis de roupas.
Ele é um homem sagrado Hindu, que renunciou o mundo material. Mas
ao mesmo tempo ele é também um industrial magnata que emprega
milhares de pessoas.
Montanhas
cobertas de vegetação rodeiam
o retiro do Sr. Fabre Pode
parecer incrível, mas um cidadão francês, na Índia, tem dado
prova de que isso é possível. Christian Fabre, ou Swami
Pranavananda Brahmendra Avadhuta como agora ele é conhecido,
nasceu no sul da França em 1942. Ele se tornou um homem sagrado
Hindu, ou sadhu, alguns anos atrás. Atualmente ele mantém um
ashran, ou um eremitério para homens sagrados, no estado de Tamil
Nadu ao sudoeste da Índia, uns 400 quilômetros de Madras, a
capital.
DURO
INÍCIO Mas isto é apenas metade da estória. O Sr. Fabres também opera
várias fábricas de tecidos no extremo sul da Índia. Para
aqueles que veêm os homens sagrados do hinduísmo como sábios e
desapegados da vida mundana, isto pode parece um pouco estranho.
Mas o Sr. Fabre não vê nada de estranho no fato de ter seus
interesses paralelos nos negócios. Em vez disso, ele os vê como
uma extensão de sua fé. Na França, ele cresceu em uma família envolvida
com a indústria do vestuário. Foi trabalhar na
Índia nos anos 70 e se apaixonou pelo lugar. Eu estava tão fortemente atraído pela
cultura, fé e o povo da Índia que eu não podia conceber
o pensamento de ir de volta à França", diz ele. A
boa vida: Christian Fabre, ou Swami Pranavanda,
com um discípulo. O Sr. Fabre e sua família mudaram-se para a Índia.
Embora sua nova vida teve um bom começo, o rápido
movimento tornou-se árduo até que um dia quase todo se
dinheiro já tinha se acabado. Não muito tempo depois, sua esposa e filho o
deixaram, retornando à França. O Sr. Fabre se
lembra de estar sentado, com um cigarro na mão, sem
emprego e sem sua família, pensando sobre o por quê
disto lhe ter acontecido. A FÉ FEZ O NEGÓCIO
DISPARAR Naquela época, sua casa ficava em
frente à da família Brahmin. Sua
primeira exposição ao hinduísmo veio
por suas mãos. Uma mulher daquela casa
o apresentou a um sábio Hindu, ou swami.
O Sr. Fabre se lembra como,
no caminho para encontrar este homem
sagrado, com quem ele se deparou foi com
um homem leproso. Apesar de sua doença,
o homem estava em êxtase espiritual.
Ele se lembra de perguntar a
si mesmo, "Se este homem pode de
alguma forma ser feliz, então por que
eu não posso?" Depois disto, ele
descobriu uma fé renovada em si mesmo.
Comprou quatro máquinas de costura e
fechou alguns pedidos com uma grande
empresa de vestuário francesa. Aos
poucos, seu negócio começou a se
desenvolver. Hoje, sua empresa, a Fashion
International, tem 35 fábricas que
empregam 60.000 pessoas. As roupas que
eles fabricam são exportadas para a
Europa e outros países. No ano passado,
a empresa exportou 30.000 peças de
vestuário chegando ao valor de
3.700.000 rúpias.
E como seu negócio se
expandia, assim também sua fé se
fortalecia. Não parou de receber instruções
de seu professor, ou guru, continuando
sua pesquisa para encontrar respostas às
suas perguntas. MANTENDO
UM ROBE NO GUARDA-ROUPA Seu guru por fim o levou a assumir o sanyas, ou a renúncia por todos os elos mundanos, como a família e o dinheiro, a qual enfatiza a busca pela iluminação. O Sr. Fabre diz, "Meu guru me fez prometer que, como condição para assumir o sanyas, eu devia manter o meu negócio. Ele me disse que eu não deveria deixar para trás o meu trabalho". O Sr. Fabre hoje vive no ashram, à maneira de outros sadhus, em sua ordem sagrada: nu. Quando deixa o ashram, ele veste robes tingidos por açafrão que são tipicamente usados pelos homens sagrados hindus.
Também usa os robes destinados aos sadhu em suas reuniões de negócios. Para o Sr. Fabre, não há nenhuma oposição entre seus interesses empresariais e sua vida de homem sagrado hindu. Ele não dá nenhuma importância ao dinheiro. "Não guardo um centavo sequer para mim. Divido todos meus lucros com meus empregados". E seus funcionários não são os únicos beneficiários.
Este sagrado homem
industrial tem sido verdadeiramente
um empreendedor. Para os habitantes
da comunidade, que vivem próximos a
seu ashram, ele fornece água
corrente e melhorou a infraestrutura
da higiene pública. (Extraído do site da BBC News Tradução: Doni Sacramento donisacramento@interair.com.br OLHO NU nº 37 - outubro de 2003 |